segunda-feira, 18 de julho de 2016

Uma reflexão sobre a Educação em Olinda


O problema da educação em Olinda precisa ser analisado de um ponto de vista mais amplo.
Primeiramente, é preciso definirmos o conceito de educação. Educação é um conceito amplo. Significa mudar pessoas, torná-las seres humanos melhores em vários sentidos. O principal objetivo da educação é desenvolver plenamente o indivíduo, transformá-lo em um cidadão consciente e capaz de interagir positivamente com o mundo em que vive, com condições de contribuir para sua melhoria. Nesse sentido, a educação vai muito além das atividades escolares. A educação acontece no lar, nas instituições religiosas e culturais, nos espaços de lazer e nos partidos políticos. Esse sentido mais amplo precisa ser pensado quando se quer discutir a educação enquanto conceito norteador de um trabalho político e social. Promove-se a educação também desenvolvendo a cultura; promove-se a educação cuidando da saúde pública; promove-se a educação proporcionando lazer e práticas esportivas; promove-se a educação criando-se espaços de debate político e filosófico. O usuário do sistema de saúde, por exemplo, precisa ser educado para que possa cuidar bem de sua saúde e evitar doenças. O sistema de saúde é também um espaço de educação.

Entretanto, pensando-se na educação estritamente escolar, a discussão também se torna ampla. Promover a educação não se resume a apenas construir, ampliar e reformar escolas, equipá-las com bibliotecas, laboratórios, espaços de lazer, materiais e tecnologias de uso pedagógico, oferecer merenda de qualidade para os alunos, contratar, formar e remunerar adequadamente os profissionais da educação, embora essas coisas sejam fundamentais. Mas cuidar da educação inclui também criar nas escolas uma nova filosofia de ensino, humanizada e libertária, que norteie seu trabalho em todos os seus aspectos. Isso inclui, por exemplo, fiscalizar a criação, revisão, atualização e principalmente aplicação de um projeto político-pedagógico nas escolas. Inclui também a realização de atividades pedagógicas não convencionais, criar espaços de debates e de práticas culturais. Incentivar a manifestação cultural e artística no espaço escolar.
Tem-se falado muito sobre a proposta de ensino integral. O ensino integral pode ou não ser uma boa alternativa para a educação em Olinda, não sendo, a meu ver, algo que precisaria necessariamente ser implantado de imediato. O ensino em horário parcial, se realizado de forma eficaz, pode ser suficiente, desde que haja planejamento, organização e acompanhamento. Mas a implantação do ensino em tempo integral não deixa de ser uma boa ideia, o que eu quero dizer é que há outras questões mais urgentes. Especialmente em Olinda, o espaço escolar precisa ser discutido enquanto espaço social. Precisamos descobrir quem são de fato esses alunos que frequentam (ou não) as salas de aula das escolas municipais e quais as suas verdadeiras necessidades. Há, por exemplo, em algumas escolas o problema do crime e da delinquência dentro do próprio espaço físico da escola, o que precisa ser discutido e resolvido com urgência. É preciso que haja segurança para alunos e professores dentro do espaço escolar, o que é condição essencial para que haja um ambiente propício para o ensino e a aprendizagem. É preciso também que o aluno seja tratado de maneira humanizada, sendo levadas em consideração todas as suas dificuldades e necessidades.
Outro problema é a questão da saúde emocional e psicológica dos alunos. O acompanhamento psicológico e psicopedagógico dos alunos é fundamental para o sucesso da educação. Formar cidadãos conscientes e capazes de exercer plenamente sua cidadania, desenvolver sua autossuficiência profissional e conviver de forma pacífica e saudável com seus semelhantes é algo que certamente exige esse tipo de acompanhamento. É fundamental que haja profissionais qualificados que possam dar aos alunos esse tipo de apoio.
A maioria dessas propostas requer investimento financeiro. Logo, o passo inicial para que as mudanças na educação aconteçam de fato é a definição de prioridades. Educação precisa ser uma prioridade para todo e qualquer governo. É preciso, portanto, que uma porcentagem significativa do orçamento do município seja destinada à educação e que o caminho desse investimento seja cuidadosamente fiscalizado, a fim de se evitarem desvios. Investimentos em estrutura física, equipamentos, materiais e tecnologias, atividades pedagógicas diversificadas, alimentação e transporte para os alunos, remuneração digna para os profissionais da educação, além de formação continuada, constante e satisfatória e boas condições de trabalho.
Contudo, uma mudança da filosofia requer pouco ou nenhum investimento financeiro. Requer boa vontade, engajamento e iniciativa. Mesmo com poucos recursos, é possível promover uma revolução na educação olindense, se houver a vontade para fazê-lo. Revolucionar a educação precisa ser uma prioridade, pois será o primeiro grande passo para a revolução social em nossa cidade, a fim de que ela volte a ser a cidade importante que já foi um dia.
Bruno Fernandes.
19 de julho de 2016.

Nenhum comentário: