domingo, 22 de outubro de 2017

Democracia Plena


Em outra publicação minha nesta página eu expus minhas ideias a respeito do que seria a melhor solução para os problemas de nosso país. Uma parcela significativa da população brasileira, provavelmente por falta de conhecimento e por influência da mídia, acredita firmemente que o Brasil precisa de um salvador, um líder forte, virtuoso e carismático que possa moralizar o país e conduzi-lo ao rumo certo. Se nós entendermos, no entanto, que o Brasil é um país de 8.511.965 km², com uma população de mais de 200 milhões de habitantes, e cujo Estado é uma máquina gigantesca, e além disso, que essa máquina está apodrecida, corroída pela corrupção, ficará bastante claro que um Messias não será capaz de "consertar" o nosso país.

O Brasil é um país com problemas graves e muito complexos. Carece de moralidade, de cultura, de educação e de igualdade social. É triste dizer isto, mas é difícil, muito difícil viver neste país, apesar de tudo de bom que ele tem. Nenhum projeto político é capaz de solucionar os nossos problemas em curto prazo, de hoje para amanhã. E somente um projeto muito grande, que conte com uma adesão maciça, pode gerar algum resultado.

Quero, humildemente, propor um projeto.

Em primeiro lugar, há dois princípios norteadores essenciais, sem os quais não é possível promover o bem estar social e a felicidade de um povo. São eles:

1) Direitos Humanos
 Não será possível existir bem estar social enquanto houver indivíduos excluídos da sociedade ou privados de seus direitos. Não se pode pensar em política sem primeiro pensar em direitos humanos. Uma sociedade é composta por pessoas que se relacionam umas como as outras de forma sistêmica. Cada indivíduo é uma peça importante da grande engrenagem da sociedade. Enquanto algumas classes de indivíduos permanecerem à margem do sistema, este permanecerá doente, defeituoso. Um projeto político para o Brasil precisa priorizar a garantia dos direitos de todos os indivíduos, além, é claro, da proteção ao meio ambiente e aos animais.

2) Democracia
Democracia está relacionada diretamente à liberdade, que tem a ver com o tópico acima. Também não é possível haver bem estar social sem que haja liberdade. Muitos tendem a acreditar que o autoritarismo seja o meio mais eficaz para se pôr as coisas em ordem. Isto é um equívoco. No século XXI, não há mais sentido algum em se pensar em totalitarismo. Uma nação se rege de forma saudável quando há liberdade e participação política.

Entretanto, é preciso problematizar este segundo tópico. Democracia pressupõe liberdade e pressupõe também escolhas. Mas as escolhas só existem quando existe conhecimento. A experiência brasileira no final do século XX em relação à democracia foi frustrada, uma vez que a população, tão logo reconquistou o direito ao voto após mais de vinte anos, elegeu um presidente que precisou ser deposto logo em seguida por corrupção. Na realidade, o que aconteceu neste caso foi uma falha na democracia. Não existe verdadeira democracia quando a população é desinformada e tem uma educação precária. O mero direito ao voto é inútil se o povo não está instrumentalizado com o conhecimento necessário para fazer as escolhas corretas.

3) Educação
Sendo assim, a verdadeira democracia só pode existir com educação. E quando eu falo em educação, eu não me refiro unicamente à educação escolar, mas à educação no sentido mais amplo possível. A educação é responsabilidade de todos os setores da sociedade. O Estado, o setor privado, as organizações não governamentais, a família. Todos são responsáveis por educar, se entendemos educação como a formação do indivíduo enquanto ser pensante e crítico. Educação não é apenas a transmissão de informação ou conhecimento, mas a problematização da realidade, o convite à reflexão e à construção coletiva do conhecimento. Ou seja, a educação requer a participação de toda a sociedade.

Sendo assim, faz-se necessário um projeto que tenha penetração na sociedade. Um projeto que consista em promover a educação em sentido amplo para toda a população, a fim de armar o povo com o conhecimento. Em um segundo momento, vem a ocupação dos espaços institucionais de poder, não por um indivíduo, mas por um grupo que esteja em sintonia, buscando o mesmo objetivo. Como eu já disse, não é um Messias que pode salvar o país, mas um projeto. Um projeto que possa se fazer presente em todos os espaços de poder. E uma vez que esses espaços estejam ocupados, é necessária a ampla participação popular nas decisões políticas, sempre tendo como base os direitos humanos.

Este é apenas um esboço, uma ideia inicial que precisa ser melhor desenvolvida. E por que não poderia ser desenvolvida coletivamente? Eu espero contribuições a fim de enriquecer esse projeto e lhe dar uma cara ainda mais democrática.

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