sexta-feira, 17 de junho de 2016

O drama dos povos indígenas do Brasil

QUEM são os indígenas do Brasil?

O Brasil não foi habitado por grandes civilizações indígenas, como os maias, astecas e incas. No entanto, estima-se que havia no Brasil, à época em que os conquistadores portugueses chegaram aqui, mais de sete milhões de nativos, de diversas tribos, espalhados por diferentes regiões. Hoje há cerca de novecentos mil indígenas vivendo em nosso país. Nossos nativos sofreram grande violência física e cultural, foram despojados de suas terras, de suas riquezas, de sua cultura, foram atingidos por doenças que lhes eram desconhecidas e contra as quais não tinham defesas naturais. Muitos foram assassinados, muitas mulheres violentadas, populações foram expulsas de suas terras. Hoje, nossos índios lutam para continuar existindo, lutam para manter sua identidade, o que é cada vez mais difícil, devido à ganância voraz dos latifundiários, dos grandes capitalistas, que cobiçam suas terras e a riqueza que estas contêm, que os veem como animais selvagens sem alma.



Diz Eduardo Galeano:

"Atualmente, não se salvam nem sequer os indígenas que vivem isolados nos esconsos da selva. No princípio do século [XX], ainda sobreviviam 230 tribos no Brasil; desde então desapareceram 90, apagadas do planeta por obra e graça das armas de fogo e dos micróbios. Violência e doença, batedores da civilização: o contato com o homem branco, para o indígena, continua sendo o contato com a morte. As disposições legais que, desde 1537, protegeram os índios do Brasil, voltaram-se contra eles. De acordo com os textos de todas as constituições brasileiras, são os 'primitivos e naturais senhores' das terras que ocupam. Ocorre que, quanto mais ricas são essas terras virgens, mais grave se torna a ameaça que pende sobre suas vidas; a generosidade da natureza os condena à espoliação e o crime". (GALEANO, Eduardo. As veias abertas da América Latina. Tradução de Sérgio Faraco. Porto Alegre: L&PM Pocket, 2016)

No entanto, ganha força uma ideologia ultraconservadora que ameaça ainda mais a existência dos povos indígenas brasileiros. Ao mesmo tempo que se torna cada vez maior o número de latifundiários e empresários tomando conta dos espaços de poder institucional, seja nas casas legislativas ou em ministérios de Estado, fazendo um lobby poderoso a favor do avanço do grande capital contra os direitos dos povos nativos. O deputado federal Jair Bolsonaro e seu filho Eduardo Bolsonaro, também deputado federal, têm defendido vigorosamente que os direitos reivindicados pelos indígenas são abusivos e que estes não têm direito à terra.

Veja os textos a seguir:



No vídeo a seguir, uma liderança guarani-kaiowá denuncia ameaças sofridas dentro do próprio Congresso Nacional:

A ganância voraz, o desejo de explorar, espoliar, sugar, não se disfarça na fala do deputado Bolsonaro. Ele quer o nióbio, quer tudo que houver de recurso natural nas terras indígenas, sem se importar com a vida dos índios, Para ele, não interessa a cultura: misturemos os índios ao resto do povo e matemos tudo que eles consideram sagrado, e façamos isso "em nome do progresso".

É interessante que Jair Bolsonaro argumente que "o Brasil é de todos, não é dos índios", para justificar seu discurso, quando em outros momentos ele se mostra contrário à entrada de imigrantes de países como Bolívia, Peru, Haiti, Irã, Síria e de países africanos no Brasil... Ora, o Brasil não é de "todos"?

Na entrevista a seguir, o deputado chama os imigrantes de "escória da humanidade":


Nosso país, assim como toda a América Latina, tem uma dívida impagável para com os povos indígenas. É urgente que se criem políticas de proteção a esses povos. É urgente que se criem medidas para defendê-los da voracidade assassina dos latifundiários e do grande capital. Os índios necessitam urgentemente de representatividade nos espaços de poder institucional.

Foto: wikipedia.org

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